Cristo morreu para nos adotar como filhos de Deus

Como já ficou muito evidente, não existe dignidade suficiente no homem que o faça merecer Tão Graciosa Obra da Salvação. Mas, não há tão maior prova de ausência de mérito senão a expressão “eis huiothesian” (para a adoção) em Ef.1.5 (cf. Gl.4.5; Rm.8.15), “por que um filho adotado deve sua posição à graça e não ao direito, e, ainda mais, é trazido ao seio da família, passando a ter os mesmos privilégios e deveres de um filho de nascimento“.

Adoção é uma palavra normalmente utilizada no meio romano. Em uma cerimônia legal, o filho adotado era determinado a todos os direitos de um filho natural. É possível que Paulo tenha emprestado este termo para o empregar eficientemente à salvação. A palavra em pauta, na literatura paulina, “descreve os direitos e privilégios como também a nova posição do crente em Cristo”.

Segundo Hendriksen, a adoção vai ainda um pouco além, pois “ela outorga aos seus recipientes não apenas um novo nome, um novo status legal e uma nova relação familiar, mas também uma nova imagem, a imagem de Cristo (Rm.8.29)“.

J.I Packer afirma que no mundo de Paulo a “adoção era ordinariamente de homens jovens de bom caráter, que se tornavam os herdeiros e mantinham o sobrenome dos ricos sem filhos. Porém, o NT proclama a adoção cortesa de Deus a pessoas de mal caráter para se tornar ‘os herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo’” (Rom. 8:17). Mais uma vez é digno de nota que o adotado não tem qualquer mérito pela escolha do “Adotador”, embora possa desfrutar de todos os benefícios e, principalmente, responsabilidades de um filho natural, pois a “soberania divina exclui com eficácia qualquer mérito”.

Paulo ensina que o presente de justificação (i.e., aceitação presente por Deus como o Juiz do mundo) traz com isto o estado de filho por adoção (i.e., intimidade permanente com Deus como o Pai divino da pessoa, Gl. 3:26; 4:4-7). Justificação é a bênção básica na qual adoção é fundada; adoção é a bênção de coroamento para a qual justificação é direcionada. O status de adotado pertence a todos que recebem o Cristo (Jo.1:12). Agora, os crentes estão debaixo do cuidado paternal de Deus e de sua disciplina (Mat.6:26; Hb.12:5-11) e é dirigido, especialmente por Jesus, a viver suas vidas levando em conta o reconhecimento de que Deus é seu Pai celestial.

Adoção e regeneração acompanham um ao outro como dois aspectos da salvação que o Cristo traz (Jo.1:12-13), mas eles serão distinguidos. Adoção é o favor de uma relação, enquanto regeneração é a transformação de nossa natureza moral. Ainda a ligação é evidente; Deus quer as crianças dele quem ele ama, agüentar o caráter dele, e entra em ação adequadamente.